sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O poderoso Clint

Elegância, garbo, bom gosto. E muita discrição. Essas são as palavras que podem resumir o que colocaria J.Edgar na mesmice ou na caricatura. Mas quem assumiu o comando pra contar a história do praticamente criador do FBI foi ninguém mais do que Clint Eastwood. E o cara tem o costume de fazer coisa boa. E muito boa. E ele mais uma vez não decepciona com J.Edgar. A mão segura de Eastwood mostra um homem que gostava dos holofotes, que mudou o curso da história do FBI e o transformou numa referência em termos de investigações, que tinha todos os podres dos grandes nas mãos. E a qualquer falha ou ameaça deles de acabar com o FBI, ele entrava em ação e mostrava um dossiê que convencia o grandão a desistir de puxar o tapete do Edgar.

Luz, câmera, ação: Clint e DiCaprio.

Hoover e "Hoover".
Leonardo DiCaprio mostra mais uma vez que amadureceu em termos de interpretação. Nem chega a lembrar aquele naufrágio que foi Titanic. A idade e os bons diretores com quem ele tem trabalhado fizeram a diferença. DiCaprio faz um Edgar Hoover atormentado, com enorme poder nas mãos, egocêntrico, dominado pela mãe e apaixonado por Clyde.Outros destaques do filme são Naomi Watts, como a secretária pessoal de Hoover que prioriza o trabalho ao casamento e Armie Hammer que fez Clyde, o grande amor e parceiro de Hoover e Judi Dench, como a mãe que profetizou o destino do filho.

Clyde e Hoover

Aí eu retorno ao que falei no início do texto. Quando começaram os rumores para a realização desse filme, muito se falou sobre a homossexualidade de Edgar. Que esse seria o mote principal do filme. Só que esse, era apenas um detalhe na vida do homem que revolucionou os Estados Unidos. E só Clint para trabalhar com esse assunto de maneira tão firme e bela. Não caiu em lugar comum de pessoas efeminadas ou afetadas, apenas mostrou uma relação de carinho, afetividade e respeito entre duas pessoas. E como elas se doavam. E como elas viveram juntas até a morte de Edgar. Só um diretor com sensibilidade e maturidade poderia fazer isso ser bem sucedido.

Sem falar na fotografia que dá um ar de identidade histórica, o figurino impecável, as locações, as atuações de ótimo desempenho. E sem sombra de dúvidas, Clint. Ele pode ter 80 e poucos, mas sabe como ninguém dirigir um filme. J.Edgar pode entrar facilmente na lista de belos filmes do Eastwood.


Naomi Watts, a secretária toda poderosa.



Por Sandra Martins.



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