domingo, 20 de maio de 2012

Disse o corvo


Meus caros amantes ou estudantes da literatura estrangeira, não se estressem com o filme "O Corvo". Ele não é retrato fiel, nem cine biografia e tampouco uma fiel adaptação dos seus poemas de Allan Poe. O que acontece com esse corvo, é que ele é apenas uma livre versão dos escritos e da vida de Poe. Livre versão, que fique bem claro. E quando se trata de uma obra aberta, o diretor ou roteirista tem a chance de moldar a obra como bem entender. E foi isso o que ocorreu nesse filme. Tudo gira em torno dos últimos dias de vida de Edgar Allan Poe, uma curiosidade que existe até os dias de hoje. Uma suposta série de acontecimentos que teria feito parte desses derradeiros momentos de Allan Poe, uma ficção que usou a ficção da obra de Poe para ser levada às telas.

A história gira em cima de um serial killer que resolve se inspirar nos contos de Poe para cometer assassinatos, que são praticamente uma representação forte do que o poeta americano escreveu. John Cusack faz um Poe bêbado, perdido, às vezes caricato. Quando ele entra de vez nas investigações dos crimes, ele assume uma posição mais dramática.

O interessante no filme é que me remeteu muito ao Sherlock de Guy Ritchie. Fiquei imaginando como teria ficado se tivesse caído nas mãos do diretor britânico. Mesmo assim, O Corvo é um bom passatempo pra quem gosta de filmes com investigação de crimes bem cabulosos. O diretor de V de Vingança conseguiu passar um clima sombrio com boa fotografia para ilustrar mais o estilo de Poe. Os contos de Poe são apenas apresentados ao público e não destrinchados até sua alma (se isso acontecesse, seria um filme para cada conto). Se o intuito do filme é dar um aperitivo para as pessoas buscarem o verdadeiro Poe, digamos que funciona como um pontapé inicial. E para quem estudou literatura americana, é interessante rever os contos estudados na faculdade (aí sim com profundidade).

E no passar dos fotogramas, o filme é um entretenimento razoável sem a pretensão de contar cada detalhe da vida de Poe ou ter uma fidelidade canina à vida dele. Bom filme, boa fotografia e uma trilha sonora muito boa também. Uma visão bastante curiosa de Edgar Allan Poe!

Por Sandra Martins.


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